26.3.07

Erase all the memories


Kasimir Malevitch



Saskia partira sabendo Sorrow desabitando a visão da charneca sangrenta. Caminhava para norte – o voo de aves azulíneas dissera-lhe da cidade branca onde começavam os grandes frios, onde espadas feitas neve apaziguavam a mancha vermelha das casas – nos olhos guardara as margens amanhecidas de flores lilases colhidas em tempo longo, flores raras nas mãos de Sorrow. Foi tempo de morrer, dissera-lhe o último companheiro de Sorrow e Saskia partira, na memória sons incendiados do tropel de cavalos rasgando o horizonte.
Lembrava-se bem desse tempo. caminhara como se os passos conseguissem habitar a ausência mas todos os caminhos se fechavam nesse frio imenso onde repousara a inocência. Sabia que não poderia regressar ainda que os ventos lhe trouxessem rumores dos lugares abandonados e da beleza dos campos de trigo.

Pousado o livro na desabrigada recordação dessa tarde, Saskia lia. Mas Saskia não lia, os signos fechavam-se aos seus olhos, os dedos teciam vozes soltas sobre as páginas brancas E a neve tomando conta de tudo...

5 comentários:

Anónimo disse...

(e Saskia em um outro lado do mundo...)

Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Anónimo disse...

("... they only bring us pain...and I' ve seen all I'll ever need...")